A Importância do Checklist na Cirurgia Cardiovascular

CHECKLIST – Segurança, Eficiência, Foco, Exatidão e Humanização

A verificação do circuito durante a ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) é fundamental para o sucesso da terapia, assim como acontece na Circulação Extracorpórea (CEC) durante uma cirurgia cardíaca.

Devido à complexidade das etapas e à necessidade de atenção aos detalhes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de um checklist de segurança cirúrgica para garantir um processo mais seguro e eficiente.

O checklist não é um procedimento, mas uma ferramenta que reúne, de forma organizada, o passo a passo do que precisa ser feito. Simples, porém eficaz, ele, quando aliado ao conhecimento e às habilidades do profissional, ajuda prevenir uma série de intercorrências.

Mesmo os profissionais mais experientes estão sujeitos a falhas! Por isso, aproveite as ferramentas disponíveis para garantir a segurança de todos. Lembre-se: até pequenas intercorrências podem comprometer a segurança do paciente e o sucesso da cirurgia.

Quer saber mais? O nosso E-book sobre Gerenciamento de Risco e Prevenção de Acidentes na Circulação Extracorpórea na Cirurgia Cardíacatraz orientações práticas e planejadas sobre o tema abordado.

Nesta obra, apresento uma análise sobre acidentes de circulação extracorpórea, unindo referências acadêmicas à minha experiência profissional como BIOMÉDICA PERFUSIONISTA. O foco está nas complicações que podem ocorrer durante a perfusão, ressaltando a importância de uma identificação rápida e de precauções para minimizar os riscos. Além disso, o guia aborda práticas preventivas e protocolos de segurança para manutenção dos equipamentos, reduzindo a ocorrência de um acidente.

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“Esperamos que este trabalho seja valioso para toda equipe multidisciplinar que atua na área da saúde cardiovascular e contribua para o avanço do conhecimento e da prática na circulação extracorpórea nas cirurgias cardíacas”. 

 

 

 

 

Fonte: Cibele Sperone / Coração & Perfusão

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A Essência do Trabalho da Equipe Multidisciplinar na Cirurgia Cardíaca

O Centro Cirúrgico é um local que envolve ações que vão da mais simples à mais complexa. Com o avanço da tecnologia, o profissional que atuar nesse setor deve ter treinamentos específicos, ser capaz de atuar em equipe multidisciplinar e estar em constante aperfeiçoamento.

Na imagem abaixo, o coração humano, metaforicamente, representa a essência da empatia e a conexão entre os profissionais envolvidos na cirurgia.

Imagem: Coração & Perfusão

Assim como as peças de Lego se encaixam para criar algo maior, uma equipe multidisciplinar trabalhando juntos, formam um time unido, onde a força das relações impulsiona o sucesso de qualquer trabalho.

Durante as cirurgias cardíacas, a empatia e a conexão entre os membros da equipe médica desempenham um importante papel. A sensibilidade com as emoções e necessidades dos colegas cria um ambiente de confiança e cooperação, para lidar com os desafios e imprevistos que podem surgir durante o procedimento.

Além disso, a comunicação eficaz e o apoio mútuo promovem um ótimo trabalho em equipe, resultando em melhores resultados para o paciente. A empatia não apenas fortalece os laços entre os profissionais de saúde, mas também melhora a qualidade do cuidado prestado, garantindo uma abordagem mais humanizada e compassiva no tratamento de problemas cardíacos.

E quem são os profissionais que atuam durante uma cirurgia cardíaca?

Após uma avaliação do cardiologista e do cirurgião cardiovascular, o paciente é recebido no centro cirúrgico por uma equipe de enfermagem. Entre suas principais incumbências destaca-se a assistência direta ao paciente.

O cirurgião cardiovascular comanda a cirurgia, durante a qual gerencia todas as etapas do procedimento e executa as correções que o coração necessita, contando com o suporte de médico assistente. Muitos bisturis, tesouras e fios são necessários, assim, outra figura importante que surge é a da instrumentadora, que mantém todos os materiais limpos e prontos para que o cirurgião e seu assistente possam utilizá-los.

O técnico de enfermagem tem a função de pegar os materiais e entregá-los sem contaminação para uso da equipe no ambiente estéril da cirurgia.

O anestesista, garante a ausência de dor durante o procedimento e monitora as funções vitais do paciente, proporcionando liberdade à equipe médica para realizar o trabalho com segurança e tranquilidade.

Em algumas cirurgias cardíacas, é necessário o auxílio da máquina de circulação extracorpórea (CEC), que substitui as funções do coração e pulmões durante a cirurgia e também permite uma boa visualização do campo cirúrgico, onde o cirurgião consegue trabalhar com mais segurança. O perfusionista é o profissional que conduz a CEC e é responsável pela manutenção das funções cardiorrespiratórias, equilíbrio bioquímico, hematológico e hidroeletrolítico do paciente. O profissional responsável pela máquina de autotransfusão intraoperatória – Cell Saver, geralmente o perfusionista ou o profissional especializado do banco de sangue.

O Cell Saver é um técnica utilizada em cirurgias para recuperar o sangue perdido no campo operatório. Ele aspira, filtra e processa esse sangue, removendo resíduos e concentrando os glóbulos vermelhos para reinfusão no paciente. Isso, ajuda a reduzir a necessidade de transfusões de sangue de doadores, evitando riscos de reações adversas e infecções, além de preservar os recursos do banco de sangue. O seu uso é especialmente importante em procedimentos com grande perda sanguínea, contribuindo para uma abordagem mais segura e eficiente.

O pós-operatório da cirurgia cardíaca

No pós-operatório de cirurgia cardíaca, o trabalho da equipe multidisciplinar é necessário para garantir uma recuperação segura e eficaz do paciente. Essa equipe inclui médicos intensivistas, que monitoram funções necessárias e ajustam condutas terapêuticas; enfermeiros, responsáveis ​​pelo cuidado direto ao paciente e administração de medicamentos; técnicos de enfermagem, que auxiliam na monitorização, higiene, conforto e administração de medicamentos sob supervisão do enfermeiro; fisioterapeutas, que atuam na reabilitação respiratória e motora; perfusionistas, que acompanham possíveis ajustes relacionados ao suporte circulatório, como ECMO; nutricionistas, que avaliam e ajustam a dieta conforme as necessidades metabólicas; psicólogos, que oferecem suporte emocional ao paciente e familiares; e farmacêuticas, que otimizam o uso de medicamentos. Essa integração profissional promove um cuidado abrangente e centrado no paciente.

Direção clínica e serviços especializados

A direção clínica do hospital é responsável pela supervisão e gestão das atividades assistenciais, garantindo a qualidade e segurança dos cuidados prestados aos pacientes, que coordena a equipe médica e de enfermagem, implementa protocolos e diretrizes clínicas, além de garantir o cumprimento das normas regulatórias e éticas.

Os profissionais que atuam na OPME (Materiais Especiais) e na CME (Central de Material e Esterilização) desempenham funções no gerenciamento e fornecimento de materiais cirúrgicos e dispositivos médicos. Enquanto os fornecedores de materiais cirúrgicos são responsáveis ​​pelo fornecimento de equipamentos e produtos de qualidade

Serviços terceirizados 

No serviço de limpeza do hospital, profissionais terceirizados desempenham um papel importantíssimo, garantindo a higienização de um ambiente seguro e livre de contaminações, obedecendo aos protocolos especificos para preservar a segurança dos pacientes e equipe médica.

Comunicação – A base para o sucesso da cirurgia

A comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar é um pilar essencial no processo do pré-operatório, intraoperatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca. Reuniões regulares, trocas de informações claras e o uso de ferramentas como prontuários eletrônicos, checklist, TIME OUT (prática que visa prevenir erros durante procedimentos cirúrgicos, sendo realizada antes do início da cirurgia com a participação de toda a equipe), debriefing garantem que todos estejam especificados sobre o estado clínico do paciente e as condutas a serem adotadas. Essa interação constante permite identificar complicações precoces, ajustar estratégias terapêuticas e oferecer um cuidado integrado, onde cada profissional contribui com sua expertise para um objetivo comum: a recuperação do paciente.

Com o esforço conjunto e a comunicação eficaz, uma equipe multidisciplinar desempenha um papel indispensável, garantindo qualidade e segurança no atendimento. A sinergia entre os profissionais reflete diretamente nos resultados, proporcionando ao paciente uma recuperação mais tranquila e humanizada, com todo suporte necessário.

É o comprometimento e o esforço de cada um que faz a diferença!

Fonte: Coração & Perfusão

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Transplante Cardíaco – Cuidados e Particularidades

Como funciona cada etapa do Transplante Cardíaco?

O transplante cardíaco é um procedimento cirúrgico, que se tornou uma opção viável para pacientes com doenças cardíacas graves e irreversíveis. Ele envolve a substituição do coração doente do paciente, por um coração saudável de um doador compatível, oferecendo uma nova chance de vida para aqueles que não respondem a tratamentos convencionais.

O transplante é uma opção para pacientes que apresentam comprometimento significativo da qualidade de vida e risco de morte iminente. Embora seja uma cirurgia de alto risco, pode proporcionar uma nova chance de vida para pacientes selecionados e com acompanhamento adequado.

Pode afetar pessoas de todas as idades, mas a indicação para a cirurgia depende do estado de outros órgãos como cérebro, pulmão, fígado e rins, pois se eles estiverem comprometidos, o paciente poderá não se beneficiar do transplante.

A fila única de transplantes é regida pela Secretaria de Estado da Saúde, que leva em consideração a definição de priorização, tempo de espera, tipagem sanguínea e gravidade de cada caso.

Agora, vamos explorar as etapas mais importantes de um transplante cardíaco. Fique atento, pois cada fase é essencial para o SUCESSO da cirurgia.

O início do transplante cardíaco no Brasil

No Brasil, O doutor Euryclides de Jesus Zerbini foi o primeiro médico a realizar um transplante do coração, em 26 de Maio de 1968, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Foi o quinto cirurgião do mundo e o primeiro da América Latina e do Brasil a realizar um transplante de coração.

Funcionamento do Coração

O coração é um órgão essencial no sistema cardiovascular, responsável por bombear o sangue e garantir que o oxigênio e nutrientes cheguem a todas as células. Quando ele não funciona adequadamente, devido a condições como insuficiência cardíaca avançada, sua função é prejudicada, tornando o transplante a única alternativa para a sobrevivência de muitos pacientes.

Transplante Cardíaco

É uma cirurgia em que um coração doente é substituído por um coração saudável de um doador compatível. Essa cirurgia representa um grande avanço da medicina, oferecendo uma nova chance de vida para pessoas que enfrentam doenças cardíacas graves.

Quando o transplante é indicado?

A indicação é realizada com base detalhada nas avaliações médicas, que levam em conta a gravidade da doença, a idade, o estado de saúde e a capacidade de recuperação do paciente.

– Insuficiência cardíaca avançada: pacientes com insuficiência cardíaca avançada, quando outras terapias não são suficientes;

– Cardiomiopatia dilatada: pacientes com cardiomiopatia dilatada avançada que não respondem a terapias medicamentosas ou outros tratamentos;

– Doença coronariana avançada: indicado em casos de doença coronariana avançada, quando não há mais possibilidade de realizar nenhum tipo de intervenção cirúrgica, como a cirurgia de revascularização do miocárdio;

– Cardiopatia congênita complexa: indicado em casos de cardiopatia congênita grave sem opções de tratamento possíveis. Essa condição é caracterizada por anormalidades na estrutura ou função do coração presentes desde o nascimento;

– Doença valvar cardíaca grave: indicado em casos de doença valvar avançada, como estenose ou insuficiência valvar, onde o paciente não responde mais ao tratamento medicamentoso ou procedimentos cirúrgicos.

O preparo e as etapas da cirurgia

O processo envolve várias etapas importantes:

– Avaliação médica onde o paciente passa por exames cardiológicos, exames de sangue, testes de função pulmonar e avaliação psicológica.

– Se o paciente for considerado apto para o transplante, é colocado na lista de espera por um doador compatível. O tempo de espera pode variar de dias a tempo mais prolongado, dependendo da disponibilidade de órgãos doadores.

– Durante o período de espera, os pacientes devem manter um estilo de vida saudável, seguir rigorosamente às orientações médicas, tomar medicamentos prescritos e evitar fatores de risco.

O transplante é um procedimento de complexo e demanda o acompanhamento de toda equipe multidisciplinar altamente capacitada. O sucesso do procedimento depende da seleção cuidadosa do paciente, da compatibilidade do doador e da colaboração durante todo o processo de recuperação.

Aqui estão as etapas do procedimento de transplante de coração:

1 – Preparação pré-operatória:

O paciente é avaliado para garantir as condições adequadas para a cirurgia. São realizados exames finais e ajustes nos medicamentos, incluindo a administração de imunossupressores para prevenir a rejeição do órgão após o transplante.

2 – Recebimento do órgão:

Quando um coração compatível é encontrado, o paciente é informado e preparado para a cirurgia. O coração do doador é transportado até o centro cirúrgico, respeitando as condições ideais de conservação.

3 – Tempo cirúrgico:

Durante a cirurgia, o coração doente é removido e o coração do doador é colocado no lugar.

– Cirurgia de remoção do coração doente

No dia da cirurgia, o paciente é anestesiado e conectado a uma máquina de circulação extracorpórea (coração-pulmão artificial) para manter o fluxo sanguíneo durante a cirurgia. O coração doente é removido, deixando intactos os grandes vasos sanguíneos e as câmaras superiores do coração.

– Implante do novo coração

O coração do doador é preparado, resfriado e transportado até o local do paciente. O novo coração é conectado aos grandes vasos sanguíneos e ao átrio do paciente, utilizando pontos cirúrgicos e técnicas de sutura avançadas.

– Restauração da circulação

Após o implante do novo coração, os vasos sanguíneos são reconectados, e o coração é posicionado adequadamente. A máquina de circulação extracorpórea (CEC) é gradualmente desligada, e o novo coração começa a bater por conta própria.

4 – Monitoramento pós-operatório imediato:

Após a cirurgia, o paciente é transferido para a UTI com monitoramento intensivo dos sinais vitais, função do coração, e possíveis complicações, como rejeição, infecção ou sangramentos.

5 – Recuperação e acompanhamento contínuo:

O paciente começa a recuperação no hospital. Durante todo período a equipe acompanha de perto a função do coração transplantado, ajustando medicações e realizando exames periódicos para garantir o bom funcionamento do órgão.

6 – Alta hospitalar e reabilitação:

Após a estabilização e recuperação inicial, o paciente é liberado para casa, com orientações sobre cuidados pós-operatórios. A reabilitação inclui acompanhamento médico, adesão a medicamentos imunossupressores e apoio psicológico para adaptação à nova realidade de vida.

Todas essas etapas garantem que o transplante seja realizado de forma segura e eficaz, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Como é o pós-operatório da cirurgia?

O período pós-operatório é um estágio crítico na jornada do paciente, envolvendo:

– Monitoramento intensivo;

– Medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão transplantado e reduzir a resposta do sistema imunológico, minimizando risco de infecções;

– Reabilitação física e psicológica;

– Acompanhamento contínuo com o médico realizando exames e controlando as medicações.

Os maiores desafios

Mesmo com os avanços da medicina, os desafios persistem. A escassez de doadores compatíveis, a falta de informação sobre doação de órgãos, a complexidade dos procedimentos cirúrgicos e a necessidade de medicamentos imunossupressores de longo prazo são considerações que requerem constante atenção e pesquisa.

Apesar das limitações, o transplante de coração continua a oferecer melhorias significativas na qualidade de vida e na saúde dos pacientes.

Equipe Multidisciplinar

Uma equipe multidisciplinar desempenha um papel fundamental no acompanhamento do transplante cardíaco, garantindo que o processo seja seguro e eficaz. Composta por médicos, enfermeiros, perfusionistas, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais de saúde, a equipe atua em todas as fases do transplante, desde a avaliação inicial do paciente até o pós-operatório.

Cada membro contribui com sua expertise para monitorar o paciente; realizar o procedimento cirúrgico; ajustar tratamentos; oferecer suporte emocional e garantir a reabilitação física e psicológica. A colaboração entre esses profissionais é fundamental para melhorar as chances de sucesso do transplante e proporcionar uma recuperação mais completa e saudável para o paciente.

Saiba mais: https://www.drfernandofigueira.com.br/transplante-cardiaco

Referências

  • Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos – https://site.abto.org.br/transplante-de-coracao
  • Dr. Fernando Figueira – Cirurgião Cardiovascular – https://www.drfernandofigueira.com.br/
  • https://veja.abril.com.br/saude/ha-50-anos-acontecia-o-primeiro-transplante-de-coracao-do-brasil

Fonte: Cibele Sperone – Coração & Perfusão

 

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Autotransfusão Intraoperatória na Cirurgia Cardíaca

Como a Autotransfusão Intraoperatória melhora a qualidade do sangue e reduz riscos durante o procedimento?

A cirurgia cardíaca é um dos procedimentos com maior risco de sangramento e quando se torna significativo, a principal consequência é a redução na oferta de oxigênio aos tecidos, devido à menor quantidade de hemácias circulantes, levando à necessidade de transfusões sanguíneas em muitos casos. Contudo, esta prática enfrenta desafios, como a escassez de hemoderivados devido à alta demanda em diversas áreas da medicina e ao número reduzido de doadores. Além disso, as transfusões podem acarretar complicações pós-operatórias e nem sempre são aceitas pelos pacientes, seja por questões de saúde, religiosas ou pessoais.

A Autotransfusão Intraoperatória surge como uma alternativa valiosa para a equipe cirúrgica, dependendo da necessidade do uso de hemocomponentes e neste texto, abordaremos o processo específico da autotransfusão nas cirurgias cardíacas.

Autotransfusação Intraoperatória – Cell Saver

A utilização de uma técnica denominada Cell Saver durante a cirurgia cardíaca, permite que o sangue perdido no campo cirúrgico seja aspirado, lavado e reinfundido no paciente, podendo recuperar em até 90% das hemácias perdidas durante a cirurgia. Uma técnica segura e eficaz, que reduz a utilização de hemoderivados, diminuindo as complicações pós-operatórias e reduzindo o tempo de internação e de infecções associadas. Em geral o uso do Cell Saver proporciona uma boa relação custo/benefício em cirurgias com perda mínima de sangue e que não possua contra-indicações para uso dessa técnica.

Concentrado de Hemácias

O concentrado de hemácias (CH) é obtido através da centrifugação de uma bolsa de sangue total. A densidade dos elementos do sangue determina a separação em três fases: plasma, camada leucoplaquetária e hemácias.

 

Representação de bolsa de sangue centrifugado, ilustrando as camadas de separação dos elementos sanguíneos.

 

A partir disso, a porção das hemácias é separada e recebe uma solução de preservação, resultando em uma bolsa de CH com hematócrito entre 50 a 70% e sob refrigeração, essa bolsa tem validade para transfusão de até 42 dias.

Com o passar do tempo, o baixo metabolismo das hemácias e dos poucos leucócitos da bolsa aumentam a concentração de ácido lático, produto do metabolismo anaeróbio. O pH da solução se torna mais ácido e tem a concentração de potássio aumentada, devido à ruptura das hemácias.

Como funciona o princípio da Autotransfusão?

O processo consiste em quatro etapas:
1 – Aspiração do sangramento, juntamente com solução anticoagulante (soro fisiológico e heparina), para um reservatório
2 – Centrifugação do volume aspirado para separação dos elementos sanguíneos – O plasma e a camada leucoplaquetária são descartados, juntamente com a heparina adicionada
3 – Lavagem das hemácias com soro fisiológico
4 – Recuperação das hemácias em bolsa de reinfusão, com hematócrito entre 50 e 70%.

 

Representação dos componentes utilizados na técnica de recuperação de autotransfusão intraoperatória.

 

O sangue do campo é aspirado pela máquina, armazenado, filtrado e centrifugado para concentrar as hemácias e separá-las dos demais componentes. As hemácias são lavadas com uma solução salina removendo os produtos endógenos e os produtos introduzidos no campo cirúrgico. Com isso são removidos restos de fibrina circulante, medicamentos dissolvidos no sangue, microagregados, hemoglobina livre, fatores pró-coagulantes e heparina (usada no processo de aspiração do sangue do campo cirúrgico). Assim, as hemácias lavadas são suspensas em solução salina e são encaminhadas para uma bolsa de reinfusão, prontas para serem transfundidas no paciente.

A heparina inicialmente é adicionada ao volume aspirado para evitar a coagulação do sangue na linha de aspiração e no reservatório de coleta. Após a centrifugação, a heparina se concentra na camada plasmática e é descartada.

Quando é indicado o uso da Autotransfusão?

A escolha quanto ao uso de sangue homólogo ou pelo uso do Cell Saver muitas vezes é analisada pelo custo-benefício. Um guideline da European Society of Anaesthesiology (Kozek-langenecker, et al., 2017) demonstrou que o uso desses equipamentos pode ser mais econômico em determinados pacientes, principalmente em casos de reoperação, em cirurgia de alta complexidade como por exemplo aneurisma de aorta, em pacientes com distúrbio de coagulação ou em pacientes pediátricos.

São indicados em procedimentos cirúrgicos com grande potencial de sangramento, por decisão clínica do cirurgião e/ou anestesista ou em procedimentos no qual pode ser necessário o uso de 2 ou mais unidades de hemocomponentes. A AABB (American Association of Blood Banks) recomenda o uso em casos em que a perda estimada possa chegar a 15 – 20% da volemia do paciente.

Além disso, pode ser utilizado nas seguintes situações:
– Pacientes que apresentam anemia ou fatores de risco aumentados para sangramento
– Pacientes com grupo sanguíneo raro ou sensibilizados por politransfusões anteriores
– Pacientes Testemunhas de Jeová
– Indicações cirúrgicas, como cirurgias Cardiovasculares, Ortopédica, Geral e Plástica
– Em casos de reoperações
– Neurocirurgia: aneurismas basilares
– Transplantes de fígado, rins, coração

Recentemente, (Novembro de 2024) em uma intervenção pioneira na cidade de Goiânia, a equipe do Hospital Mater Dei Goiânia conduziu um parto de alta complexidade, que envolveu um time multidisciplinar, para atender uma paciente diagnosticada com acretismo placentário – condição em que a placenta se adere firmemente ao útero, podendo causar hemorragias fatais durante o parto. 

https://cliqueabc.com.br/hospital-mater-dei-goiania-realiza-parto-de-alta-complexidade-com-tecnologia-de-ponta/

Dentre as contraindicações ao uso de recuperadores de sangue intraoperatório estão os procedimentos de pacientes contaminados e, principalmente, em cirurgias oncológicas.

Além do uso no intraoperatório, também pode ser usado ​​para lavar bolsas de sangue, melhorando sua qualidade. O processo remove hemácias danificadas, hemoglobina livre, plasma residual, potássio e proteínas livres. e dependendo do equipamento, é possível reduzir de 30 a 70% dos glóbulos brancos. Essa técnica pode ser aplicada na preparação do perfusato sanguíneo utilizado na CEC durante as cirurgias, garantindo ao paciente um sangue mais fisiológico e de melhor qualidade.

Tópicos mais questionados sobre o uso do Cell Saver / Fonte: Cardiosurgery Post

1 – O sangue recuperado contém heparina?

NÃO. A heparina é removida durante a lavagem, pois se concentra na mesma fase do plasma após a centrifugação.

2 – Se não tem heparina mesmo, porque o teste de coagulação ativado (TCA) dá resultado incoagulável?

Isso ocorre porque os fatores de coagulação e as plaquetas não estão presentes no sangue recuperado. Sem isso, o sangue não coagula; e não pela presença da heparina.

3 – Quando reinfundo o sangue recuperado, observo piora na coagulação do paciente. Porque?

Isso pode ocorrer em casos de grande volume processado. Apenas as hemácias são reinfundidas, uma vez que plaquetas e fatores de coagulação são descartados. A piora na coagulação do paciente pode ser explicada por uma plaquetopenia dilucional.

4 – O sangue recuperado deve ser reinfundido no paciente em quanto tempo?

A bolsa de reinfusão deve ser mantida em temperatura ambiente e ser reinfundida no paciente em até 4 horas. Recomenda-se fazer a reinfusão ainda em sala cirúrgica, a fim de evitar o risco de transfusão em outro paciente, mas se for realizada na UTI, a bolsa deve estar identificada com etiqueta do paciente e com a hora que o processo foi realizado.

Referências

Ministério da Saúde – Guia para o uso de hemocomponentes: Editora do Ministério da Saúde. 

Dossiê Autotransfusão Intraoperatória – Politec Saúde / Sistema de Autotransfusão XTRA®️

www.cardiosurgerypost.com/single-post/autotransfusao-intra-operatoria 

https://www.abatransfusao.org/equipamentos

 

Coração & Perfusão

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Comunicação Interventricular (CIV)

Comunicação Interventricular (CIV): Causas, Sintomas, Tratamento e Diagnóstico

Cardiopatias Congênitas – Comunicação Interventricular (CIV). Uma das doenças cardíacas mais frequentes, acometendo de 5 a 50 / 1.000 bebês, sendo mais prevalente no sexo feminino.

A Comunicação Interventricular, também conhecida como CIV, é uma alteração na anatomia do coração que surge enquanto o feto ainda está em formação. É uma das cardiopatias congênitas mais frequentes, que se caracteriza pela presença de um ou mais orifícios no septo interventricular, permitindo a passagem de sangue do ventrículo com maior pressão para o ventrículo com menor pressão, geralmente da esquerda para a direita. 

No coração normal, o sangue do lado esquerdo é bombeado para o corpo e do lado direito para os pulmões. Quando existe essa comunicação, uma quantidade de sangue passa do ventrículo esquerdo (maior pressão) para o ventrículo direito. Este sangue já oxigenado, vai novamente para os pulmões e retorna para o lado esquerdo, sobrecarregando o coração. Nos pulmões, a sobrecarga aumenta a pressão podendo lesionar as paredes das artérias pulmonares.

O volume de sangue recebido no ventrículo direito está diretamente relacionado ao tamanho da comunicação. A sobrecarga de volume sanguíneo acarretará na piora principalmente dos sintomas respiratórios e na dificuldade em ganhar peso. Tudo isso devido às sequelas pulmonares e cardíacas causadas pelo excesso de sangue em locais que não estão preparados para essa situação. A longo prazo, os pulmões podem sofrer sequelas levando a uma doença chamada de Hipertensão Pulmonar, caso a CIV não seja fechada em tempo hábil.

CLASSIFICAÇÃO

A CIV pode ser classificada devido a diferentes critérios, como característica, localização anatômica e presença de outras anomalias cardíacas associadas. Entre as mais comuns, estão:

1. Classificação com base no tamanho:

    • Pequena: diâmetro de até 4 milímetros.
    • Média: diâmetro entre 5 e 8 milímetros.
    • Grande: diâmetro maior que 8 milímetros.

2. Classificação com base na localização:

    • CIV Muscular: localizada na porção muscular do septo interventricular.
    • CIV Perimembranosa: localizada na porção membranosa do septo interventricular, próxima à válvula tricúspide.
    • CIV Subarterial: localizada abaixo das valvas aórtica e pulmonar.

Localização anatômica em relação à crista supraventricular – estrutura muscular que separa a porção principal do ventrículo direito da porção infundibular: quando se encontram acima da crista são chamadas infundibulares e abaixo infracristais e são localizadas nas regiões do septo membranoso ou na porção muscular do septo.

3. Classificação com base na relação com outras anomalias cardíacas:

    • CIV Isolada: defeito presente sem associação com outras anomalias cardíacas.
    • CIV Complexa: defeito associado a outras malformações cardíacas, como Transposição das Grandes Artérias (TGA), Tetralogia de Fallot (T4F), Estenose Pulmonar, Coarctação de Aorta (CoAo).

Essas classificações auxiliam na compreensão da gravidade da CIV e na determinação no tratamento mais adequado. 

 

Tipos de CIV - Tamanho e Localização: Dados Importantes para Diagnóstico e Tratamento Precoce. 
Imagem: Coração & Perfusão

 

TAMANHO E LOCALIZAÇÃO

As CIVs variam em tamanho e localização. Uma CIV de tamanho pequeno pode evoluir com redução do seu diâmetro e fechamento espontâneo nos primeiros 2 anos de vida da criança, mas na maioria dos casos o tratamento cirúrgico é necessário, sendo indicado no tempo certo.

CIV PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)

A CIV que ocorre após o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é rara, mas justifica alta mortalidade quando não é diagnosticada e tratada adequadamente. Ocorre devido a uma ruptura do septo interventricular pós-IAM associado muitas vezes a instabilidade hemodinâmica do paciente.

SINTOMAS

A presença de outras alterações cardíacas também podem influenciar nos sintomas. Uma comunicação pequena, a criança pode apresentar um sopro cardíaco exuberante, sem outras manifestações clínicas. 

Nos defeitos amplos, o sopro é mais baixo mas a criança apresenta sintomas e sinais exuberantes. Os mais comuns são baixo peso, cansaço para mamar, sudorese e extremidades mais frias. A recorrência de quadros respiratórios também pode estar relacionada com a presença da CIV.

Comunicações amplas que não foram tratadas podem gerar cianose e falta de ar em atividades. As CIVs moderadas ou grandes, causam danos ao desenvolvimento do paciente, levando ao aparecimento de sinais de insuficiência cardíaca (ICC) já nos primeiros três meses de vida.

DIAGNÓSTICO

O sopro cardíaco é o achado mais frequente nos exames clínicos. Na CIV, o turbilhonamento do sangue entre os ventrículos provoca um sopro  que pode ser ouvido durante toda a sístole (fase de contração dos ventrículos). A intensidade do sopro pode variar, dependendo do tamanho e da gravidade da CIV, e geralmente é localizada na região do ápice do coração.

O exame mais utilizado para diagnóstico é o ecocardiograma transtorácico, que fornece imagens do coração, permitindo uma análise precisa do tamanho, localização e características da doença. Com as informações obtidas, é possível fazer um diagnóstico preciso da condição, determinar a gravidade do defeito e planejar o tratamento adequado. Outros exames para confirmar o diagnóstico são o eletrocardiograma e a radiografia de tórax.

Em alguns casos, o diagnóstico pode ser feito antes do nascimento, através do ecocardiograma fetal, permitindo que o tratamento comece imediatamente após o nascimento

TRATAMENTO

O tratamento pode variar de acordo pelo tamanho e gravidade do defeito, presença de sintomas, idade e outras condições associadas. 

Observação e monitorização: casos de CIV pequena e assintomática, envolvendo consultas regulares para avaliar o tamanho e acompanhar a presença de sintomas. 

Tratamento com medicamentos: em alguns casos, o medicamentos são utilizados para controlar os sintomas associados, garantindo melhor qualidade de vida. 

Cirurgia: casos de CIV grande, persistente, sintomática ou que não se fecha espontaneamente.

Cateterismo cardíaco: em alguns casos, pode ser possível realizar o fechamento da CIV por cateterismo cardíaco. 

O tratamento da CIV é individualizado e depende das características específicas de cada paciente. É importante que o tratamento seja acompanhado por um cardiologista pediátrico, que avaliará a gravidade da doença e recomendará a melhor opção de tratamento para cada caso. 

 

Texto: Coração & Perfusão / Dr. Juliano Penha – Cirurgião Cardiovascular Pediátrico – CRM-SP 127.414 | RQE 51.118

 

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Componentes do Circuito de Circulação Extracorpórea (CEC)

Componentes do Circuito de Circulação Extracorpórea ( CEC)

O circuito de Circulação Extracorpórea (CEC) envolve máquinas, aparelhos e materiais descartáveis, mantendo a vida do paciente durante a cirurgia cardíaca. Vamos explorar alguns componentes essenciais que colaboram para que tudo isso aconteça.

Cânulas – utilizadas para conectar o paciente ao circuito de CEC, direcionando o sangue para o reservatório venoso. Antes da CEC, o cirurgião insere cânulas venosas (Veia Cava Superior, Veia Cava Inferior ou Átrio Direito) e uma cânula arterial (Aorta). O sangue é desviado para a máquina antes de alcançar o Átrio Direito, retornando ao paciente pela Aorta e perfundindo todo corpo.

Conjunto de Tubos – composto por tubos, conectores e acessórios. Esses componentes são fundamentais para conectar as estruturas do circuito ao paciente, sendo diretamente acoplados às cânulas. Realizam um papel fundamental no transporte de solução fisiológica, sangue, água e gases durante todo o procedimento.

Reservatório Venoso – estrutura que acomoda todo o sangue proveniente do campo cirúrgico, que vem pelos aspiradores e pela linha venosa do paciente. Após essa fase, o sangue é impulsionado por uma bomba propulsora (podendo ser uma bomba centrífuga ou de rolete) em direção ao Oxigenador de Membrana. Este componente chamado de “pulmão artificial” é essencial no circuito, pois facilita as trocas gasosas, oxigena o sangue e elimina o dióxido de carbono.

Filtro Arterial – atua como uma última barreira antes do retorno do sangue ao paciente, reduzindo o risco de embolia.

Permutador de Calor está integrado ao Oxigenador de Membrana e tem a função aquecer e resfriar o sangue do paciente durante a cirurgia.

Hemoconcentrador – capaz de eliminar água, eletrólitos e pequenas substâncias do sangue. Funciona como um rim artificial, removendo o excesso de líquidos administrados durante a cirurgia.

Texto: Cibele Sperone – Coração & Perfusão

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A Importância dos Treinamentos na Equipe Multidisciplinar

Em um campo tão complexo como a cardiologia, a colaboração entre profissionais de saúde é vital!

Os treinamentos em equipe multiplicam os conhecimentos e habilidades de perfusionistas, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e demais especialistas, proporcionando maior segurança para o paciente. A troca de experiências e a coordenação entre membros da equipe, melhoram o diagnóstico e tratamento melhorando assim o padrão de atendimento.

Eles oferecem oportunidades para aprimorar habilidades técnicas e não técnicas do profissional, atualizar conhecimentos sobre novos materiais e práticas clínicas e promover uma comunicação eficiente entre os membros da equipe.

Comunicação – O paciente é sempre o foco central de todo o processo, desde o pré-operatório, passando pelo centro cirúrgico, pós-operatório (UTI) até a alta hospitalar. Cada etapa tem sua própria demanda e envolve diferentes profissionais, por isso, a colaboração entre esses setores é essencial para garantir um cuidado abrangente e bem-sucedido.

Investir em treinamento conjunto fortalece a equipe, aumenta a eficiência operacional e, o mais importante, garante o atendimento de alta qualidade promovendo saúde e o bem-estar dos pacientes.

Foto: Workshop de ECMO – Coração & Perfusão – Simpósio de Atualização em Perfusão ALAP SP 2022

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1° Coração totalmente Artificial

Implante de Coração Artificial em um paciente humano como parte de um teste aprovado pela agência reguladora FDA para testar a segurança e a viabilidade do órgão artificial

Atualmente este dispositivo não está sendo desenvolvido como um substituto permanente, mas sim como um implante para manter os pacientes vivos enquanto eles esperam que um coração doador fique disponível.

Segundo Alexis Shafii, o Diretor Cirúrgico de Transplante Cardíaco, “este dispositivo pode servir como uma ponte salvadora de vidas para um transplante de coração; estudos futuros podem provar seu potencial como uma bomba de longo prazo que pode efetivamente servir como uma substituição total para o coração de um paciente”.

Sobre este coração artificial, “é uma bomba de sangue rotativa biventricular construída em titânio com uma única parte móvel que utiliza um rotor levitado magneticamente que bombeia o sangue e substitui ambos os ventrículos de um coração com insuficiência”. Incrível ver os avanços tecnológicos na área.

Fonte: Bivacor e Baylor College of Medicine  /  CardioSurgery Post  https://www.instagram.com/cardiosurgerypost

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