A Circulação Sanguínea do Paciente Durante uma Cirurgia Cardíaca

Você já se perguntou como a circulação sanguínea do paciente é preservada durante uma cirurgia cardíaca?

Quase todas as cirurgias cardiovasculares necessitam do auxílio de uma máquina conhecida como CEC, que significa Circulação Extracorpórea. Seu objetivo é substituir temporariamente as funções do coração e dos pulmões, mantendo o coração inoperante e protegido durante o procedimento. Essa máquina é muito utilizada em cirurgias de peito aberto, para que seja possível ao cirurgião ter uma melhor visualização do campo cirúrgico e trabalhar com mais segurança.

Além das melhores condições de visualização do coração no momento da cirurgia, informações básicas e atualizadas do paciente, como peso, altura, exames laboratoriais e de imagens, diagnóstico e procedimento proposto são de extrema importância para o sucesso da intervenção., Por meio de dados precisos sobre o paciente, é possível calcular a superfície corpórea, o fluxo adequado, os materiais descartáveis que serão utilizados na CEC, o perfusato mais indicado para o caso, entre outras definições importantes.

O que é Perfusato?

O perfusato é o fluido utilizado na circulação extracorpórea (CEC) para garantir que o corpo continue recebendo oxigênio e nutrientes enquanto o sangue circula fora do corpo. Preparado pelo perfusionista antes do início da cirurgia, ele preenche o circuito da máquina de CEC, assegurando que todos os componentes estejam prontos para manter o equilíbrio dos órgãos durante a pausa temporária do coração e dos pulmões. O perfusato é composto por soluções balanceadas que ajudam a estabilizar os eletrólitos, a pressão arterial e o funcionamento adequado dos órgãos ao longo do procedimento.”

E qual a diferença entre “priming” e “perfusato” na circulação extracorpórea?

A diferença entre eles, está no uso e contexto dentro da circulação extracorpórea:

Priming – É o ato de preparar o circuito da máquina de circulação extracorpórea antes do procedimento cirúrgico. Isso envolve a adição de um fluido (geralmente soluções como Ringer lactato ou outros líquidos balanceados) ao circuito para eliminar o ar dos tubos e garantir que o sistema esteja pronto para receber o sangue do paciente. O priming é essencial para preparar o circuito da CEC, garantindo que ele funcione corretamente sem a presença de bolhas de ar, que poderiam ser perigosas ao paciente.

Perfusato – Refere-se ao fluido que circula no circuito da CEC junto com o sangue do paciente durante a cirurgia. O perfusato pode ser parte do priming inicial e, ao longo da cirurgia, pode ser enriquecido com drogas, eletrólitos e outros componentes necessários para manter o equilíbrio metabólico e fisiológico do paciente.

Resumindo: priming é o processo de preparo do circuito com fluido, enquanto perfusato é o fluido que circula durante a cirurgia para manter a estabilidade do organismo.

Quais cirurgias cardíacas necessitam do uso da CEC?

A circulação extracorpórea é essencial em diversas cirurgias cardíacas, como:

  • Revascularização do miocárdio (“ponte de safena”)
  • Transplante cardíaco ou pulmonar
  • Substituição valvar
  • Cirurgias de aorta
  • Cirurgias pediátricas para correção de cardiopatias congênitas

Além dessas, a CEC também pode ser utilizada na cirurgia de citorredução com HIPEC, indicada para o tratamento curativo de alguns tipos de tumores que se disseminam pelo peritônio, na cavidade abdominal (câncer peritoneal).

Qual profissional é responsável pelo controle da máquina de circulação extracorpórea durante o procedimento cirúrgico?

O Perfusionista é o profissional habilitado para conduzir a máquina de CEC, responsável pela manutenção das funções cardiorrespiratórias, equilíbrio bioquímico, hematológico e hidroeletrolítico do paciente durante o procedimento cirúrgico. Este profissional deve reunir qualidades como agilidade, atenção, compromisso, ética e muita precisão.

Texto: Cibele Sperone – Coração & Perfusão

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Componentes do Circuito de Circulação Extracorpórea (CEC)

Componentes do Circuito de Circulação Extracorpórea ( CEC)

O circuito de Circulação Extracorpórea (CEC) envolve máquinas, aparelhos e materiais descartáveis, mantendo a vida do paciente durante a cirurgia cardíaca. Vamos explorar alguns componentes essenciais que colaboram para que tudo isso aconteça.

Cânulas – utilizadas para conectar o paciente ao circuito de CEC, direcionando o sangue para o reservatório venoso. Antes da CEC, o cirurgião insere cânulas venosas (Veia Cava Superior, Veia Cava Inferior ou Átrio Direito) e uma cânula arterial (Aorta). O sangue é desviado para a máquina antes de alcançar o Átrio Direito, retornando ao paciente pela Aorta e perfundindo todo corpo.

Conjunto de Tubos – composto por tubos, conectores e acessórios. Esses componentes são fundamentais para conectar as estruturas do circuito ao paciente, sendo diretamente acoplados às cânulas. Realizam um papel fundamental no transporte de solução fisiológica, sangue, água e gases durante todo o procedimento.

Reservatório Venoso – estrutura que acomoda todo o sangue proveniente do campo cirúrgico, que vem pelos aspiradores e pela linha venosa do paciente. Após essa fase, o sangue é impulsionado por uma bomba propulsora (podendo ser uma bomba centrífuga ou de rolete) em direção ao Oxigenador de Membrana. Este componente chamado de “pulmão artificial” é essencial no circuito, pois facilita as trocas gasosas, oxigena o sangue e elimina o dióxido de carbono.

Filtro Arterial – atua como uma última barreira antes do retorno do sangue ao paciente, reduzindo o risco de embolia.

Permutador de Calor está integrado ao Oxigenador de Membrana e tem a função aquecer e resfriar o sangue do paciente durante a cirurgia.

Hemoconcentrador – capaz de eliminar água, eletrólitos e pequenas substâncias do sangue. Funciona como um rim artificial, removendo o excesso de líquidos administrados durante a cirurgia.

Texto: Cibele Sperone – Coração & Perfusão

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